
A falta de infraestrutura em uma das maiores regiões produtoras de grãos do mundo aumenta significativamente os custos para os produtores. Essa é a análise da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT), que destaca que a safra de soja 24/25 de Mato Grosso tem sido marcada por desafios para os produtores do estado.
Para o vice-presidente da Aprosoja MT, Luiz Pedro Bier, a falta de infraestrutura dificulta o escoamento da produção e aumenta os custos. Além disso, ele afirma que filas de vários dias transformam os caminhões em depósitos, exigindo que o produtor contrate mais veículos para realizar o transporte da safra colhida.
“A falta de infraestrutura no estado do Mato Grosso, e eu digo principalmente da região leste por ser onde eu planto, é enorme. A falta de armazéns faz com que os caminhões fiquem dois a três dias na fila para descarregar. A carroceria do caminhão acaba sendo um instrumento de armazenagem para o produtor rural, que precisa contratar duas ou três vezes mais caminhões do que realmente seria necessário por causa das filas. E tem ainda o gargalo das estradas não pavimentadas, que ainda são bem comuns no estado. Apesar de que nos últimos anos tivemos uma grande quantidade de asfalto em estradas sendo construídos, nossa necessidade ainda está muito aquém do ideal”, explica o vice-presidente da entidade.
Para ele, todo o impacto financeiro resultante desses problemas acaba recaindo sobre o produtor.
“Os caminhões cobram mais caro porque ficam parados na fila esperando para descarregar. Então é um custo que é direto no produtor, e ele sente isso no dia a dia.” Luiz Pedro Bier reforça que é necessário um maior investimento em infraestrutura. “Precisamos de mais investimentos em asfalto, ferrovias, hidrovias e também em linhas de financiamento para a construção de armazéns. A maioria dos armazéns está na mão de três grandes empresas, o que limita a capacidade de armazenagem e dificulta a operação dos produtores”, afirmou.
Além do problema logístico, o estado também sofreu para colher a produção por conta do clima, onde choveu muito na hora de as colheitadeiras entrarem em cena.
De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), até o dia 20 de fevereiro de 2025, Mato Grosso havia colhido 50,08% da safra de soja, um atraso significativo em relação ao mesmo período do ano passado, quando 65,07% já havia sido colhido até 19 de fevereiro de 2024.
A diferença só diminuiu na primeira semana de março, quando a chuva deu uma trégua em algumas regiões e os produtores conseguiram acelerar o ritmo da colheita. Até o dia 7 de março de 2025, a colheita alcançou 91,84% da área plantada, mas os desafios logísticos e de armazenagem continuam pressionando os produtores.
A dificuldade em armazenagem e escoamento também tem reflexo nas exportações. Segundo o IMEA, de janeiro a fevereiro de 2025, as exportações brasileiras de soja totalizaram 7,5 milhões de toneladas, uma queda de 20,77% em relação ao mesmo período do ano passado. Em Mato Grosso, as exportações somaram 2,65 milhões de toneladas, uma redução de 24,43% em comparação com 2024.
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