17/02/2021
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, publicou uma nota em que sugere uma política nacional de renovação da frota de caminhões como alternativa para reequilibrar o setor de transportes, de forma estrutural e permanente.
A ideia seria o sucateamento acelerado de caminhões mais antigos, principalmente aqueles fabricados antes do ano 2000.
“O modo rodoviário é o motor da economia brasileira, tendo sido responsável por mais da metade de toda atividade de transporte de cargas realizada pelo setor produtivo nacional em 2019, e contribuiu significativamente para manter o giro da economia em meio à crise da pandemia da Covid-19”, disse a EPE, em nota.
A entidade ainda destaca que a situação dos caminhoneiros tem sido difícil ao longo dos últimos anos, especialmente para os autônomos. Esse foi o motivo que levou às paralisações em estradas brasileiras em 2015 e 2018. Além disso, ameaças de novas paralisações seguem no começo de 2021.
A nota também traz as principais causas para a crise no setor de transportes, em parte causada pelo excesso de oferta de caminhões, principalmente pela compra de veículos por grupos econômicos, para fugir do pagamento dos fretes conforme a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas.
“Uma consequência do aumento dos fretes foi a aquisição de frota própria de caminhões por alguns grupos econômicos. Tal ação teve reflexos na retomada das vendas de caminhões no País, mas acabou aprofundando ainda mais a condição de sobreoferta de fretes”, explicou a nota.
A nota destaca algumas soluções já adotadas e em estudo para melhorar a situação do setor, como redução de tributos e a concessão do subsídio ao diesel.
Renovação de frota
Políticas de renovação da frota de caminhões e ônibus antigos estão sendo colocadas em prática em muitos países do mundo, alguns, principalmente na Europa, já tem programas para substituir caminhões fabricados antes de 2014, com padrão de emissões Euro 5.
No Brasil, a idade média da frota é de 13,8 anos, com os veículos na mão dos caminhoneiro autônomos sendo ainda mais antigos, com 20,1 anos de idade. Os dados são do RNTRC em Números, da Agência Nacional de Transportes Terrestres.
Apesar da idade média estar na casa dos 20 anos, muitos veículos da frota tem mais de 30, 40 anos de idade, e continuam a circular. Além de sofrerem mais com manutenção e quebras frequentes de componentes, aumentando os custos para os caminhoneiros, esses veículos não são regulamentados por nenhum programa de controle de emissões de poluentes, e aumentam consideravelmente a poluição do ar.
“Além de minimizar o risco de novas paralisações, essa política também promove outros benefícios, como a diminuição de emissões e de acidentes rodoviários, com menores perdas materiais e humanas, e redução dos gastos com saúde pública, além de fomentar a eficiência energética”, explica a EPE na nota.
O estudo também mostra que os caminhões novos emitem 94% a menos de material particulado (MP), 75% a menos de NOx e 63% a menos de monóxido de carbono (CO) que modelos comercializados antes de 2000. O Brasil tem cerca de 110 mil caminhões com mais de 30 anos (6% da frota nacional).
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