Ministro da Fazenda diz que queimadas em todo o país é fator de atenção e governo vai agir para combater os incêndios
Por CNN Brasil
Cristiane Noberto da CNN, em Brasília
11/09/2024 às 11:55 | Atualizado 11/09/2024 às 20:23
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (11) que a inflação “preocupa um pouquinho” especialmente com relação ao clima, com relação a possibilidade do Banco Central voltar a subir os juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para a semana que vem.
“A inflação preocupa um pouquinho, sobretudo o clima. Nós estamos acompanhando a evolução dessa questão climática, porque o efeito do clima sob preço de alimento e eventualmente preço de energia faz a gente se preocupar um pouco com isso. Mas essa inflação, advinda desse fenômeno, não se resolve com juro. Juro é outra coisa”, disse à jornalistas ao deixar a sede da pasta em Brasília.
Os dados, que foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta semana, mostraram um recuo de 0,02% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto devido à bandeira verde na conta de luz e redução dos preços de alguns alimentos.
Analistas ouvidos pela CNN apontam que os números reduzem a pressão para que o Copom aumente os juros na próxima reunião.
No entanto, as queimadas que ocorrem em todo o país são outro fator de atenção para a equipe econômica. Segundo Haddad, a maioria das queimadas estão ocorrendo em propriedade privada e, na maioria das vezes, “causada por particulares”.
“Nós estamos preocupados com essa questão, existe também a preocupação do governo com o fato de que a maioria dessas queimadas está acontecendo em propriedade privada, a maioria das vezes provocado pelo particular e nós precisamos gerir essa questão. Já temos um problema climático, se for agravado pela ação humana imediata, já fizemos muita coisa errada com o meio ambiente, mas se acelerarmos um processo aí de ação humana, deletéria contra o meio ambiente, vai causar mais prejuízo. Do que já está contratado pela crise”, frisou.
As queimadas podem gerar ainda mais pressão sobre a inflação de alimentos e também o Produto Interno Bruto do Brasil (PIB). Segundo um relatório da LCA Consultores, divulgado nesta terça-feira (10), alertou para os riscos da seca e dos incêndios sobre a economia do país.
O texto aponta que a situação “tem potencial para representar um significativo choque negativo de oferta – com efeitos, ao mesmo tempo, de aumento da inflação e de redução do crescimento do PIB”.
“É inegável que, se a situação climática continuar a piorar, os impactos sobre a economia, a médio e longo prazo, tenderão a ser cada vez mais adversos – principalmente por prejudicar o fornecimento de energia e a produtividade agropecuária”, diz o texto da consultoria.
Também na terça, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino determinou a convocação imediata de mais bombeiros militares para integrar a Força Nacional e auxiliar no combate a queimadas no país.
Na ocasião, o advogado-geral da União, Jorge Messias, informou que será editada uma medida provisória com a liberação de crédito extraordinário de R$ 500 milhões para o combate aos incêndios. O governo também deverá tomar medidas para atuação no espaço aéreo e nas rodovias do país.
Revisão do PIB para além de 3%
Haddad também comentou que o Banco Central tem um “quadro técnico bastante consistente para tomar a melhor decisão” com relação aos juros, mas que, apesar da possibilidade de alta na inflação causadas pelo clima e queimadas, a atividade econômica “continua vindo forte” e a equipe econômica vai reestimar o crescimento do país para 2023.
“Nós devemos, essa semana, divulgar a reprojeção do PIB e as consequências sobre a arrecadação possivelmente com um aumento da projeção além do que nós estávamos esperando. Ele deve ver mais forte. Possivelmente 3% para cima. Algo bastante consistente em 3% de crescimento, talvez até um pouco mais”, afirmou.
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