A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) anunciou no final de março uma série de novas regras de emissões para caminhões, com as normas mais rígidas de todos os tempos para redução das emissões de caminhões pesados.
De acordo com o órgão, entre 2027 e 2032, as restrições de emissões serão baseadas no desempenho dos veículos, deixando o uso de caminhões a diesel praticamente inviável, de acordo com entidades ligadas ao setor.
Para atingir os novos padrões, as montadoras poderão usar tecnologias mistas de tração, como modelos diesel, elétricos, a hidrogênio, além de híbridos.
A redução de emissões, para caminhões vocacionais leves, por exemplo, terá que ser de 60% até 2032, e para os caminhões rodoviários, as emissões devem ser cortadas em 25% até lá.
Se o plano entrar realmente em vigor, poderá cortar aproximadamente 1 bilhão de toneladas de emissões de CO2 na atmosfera entre 2027 e 2055.
O rascunho das regras foi apresentado no ano passado, e, após a contribuição das partes interessadas, como transportadoras e montadoras, o texto foi atualizado e publicado como versão final no dia 29 de março.
Diversas entidades ligadas ao setor, como a American Trucking Associations (ATA) e a Owner-Operator Independent Drivers Association (OOIDA), se manifestaram totalmente contra as novas regras.
Para a ATA, as metas são inatingíveis, obrigando os transportadores a investirem imensas quantidades de dinheiro em tecnologias que ainda não são suficientemente comprovadas, como os caminhões elétricos e a hidrogênio.
“A ATA opõe-se a esta regra na sua forma atual porque as metas pós-2030 permanecem totalmente inatingíveis, dado o estado atual da tecnologia de emissão zero, a falta de infraestrutura de carregamento e as restrições na rede elétrica. Com a vasta gama de operações exigidas à nossa indústria para manter a economia funcionando, uma regulamentação de emissões bem-sucedida deve ser tecnologicamente neutra e não pode ser única para todos. Qualquer regulamentação que não leve em conta as realidades operacionais do transporte rodoviário levará a indústria e a cadeia de abastecimento dos Estados Unidos ao fracasso”, disse o presidente e CEO da ATA, Chris Spear.
Para a OOIDA, as novas regras atacam diretamente as pequenas transportadoras e os caminhoneiros autônomos do país.
“Os caminhoneiros autônomos e pequenas empresas, que se preocupam com o ar limpo para si e para seus filhos tanto quanto qualquer outra pessoa, representam 96% do transporte rodoviário. No entanto, esta administração parece decidida a regulamentar a extinção de todas as empresas familiares locais com a sua enxurrada de regras ambientais impraticáveis. Esta administração parece mais focada em apaziguar os ativistas ambientais radicais que nunca estiveram dentro de um caminhão do que os pequenos transportadores que garantem que os americanos tenham comida nas suas mesas e roupas nos seus corpos. Se você comprou, um caminhoneiro trouxe”, disse o presidente da OOIDA, Todd Spencer.
Uma das maiores críticas às novas regras é que, apesar de uma enorme cobrança em cima dos transportadores para adoção de caminhões zero emissões, há poucos investimentos públicos na rede de carregamento, especialmente para veículos elétricos, que precisam de carregadores de alta potência e energia elétrica de qualidade para poderem rodar por algumas centenas de quilômetros.
Ou seja, diferente do diesel, qualquer outra tecnologia de propulsão alternativa ainda não tem capacidade para atender uma frota do tamanho da frota norte-americana de caminhões, que tem quase 23 milhões de caminhões rodando.
Apenas para atender o abastecimento de caminhões puramente elétricos, sem contar veículos a hidrogênio e a gás, por exemplo, os Estados Unidos teriam que investir cerca de US$ 1 trilhão até 2030, para que o número de estações de carregamento seja suficiente para evitar um colapso da rede de transportes.
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