Série de reportagens da Folha de S.Paulo conquistou o Grande Prêmio CNT de Jornalismo 2022; trabalho mostrou dribles licitatórios em obras de pavimentações
Foi realizada na noite de quarta-feira (7), em Brasília, a solenidade do Prêmio CNT de Jornalismo 2022. Neste ano, o Grande Prêmio – aquele que obteve a maior nota entre todos os finalistas – foi para a série de reportagens “A farra das pavimentações da Codevasf”, de Flávio Ferreira, da Folha de S.Paulo.
Durante a cerimônia de premiação, o presidente da CNT, Vander Costa, afirmou que a valorização e o reconhecimento do jornalismo profissional são essenciais para a democracia brasileira e para encontrarmos as respostas para muitos dos desafios do transporte de cargas e passageiros.
“Esta premiação não é uma iniciativa apenas da CNT, mas, sim, de todo o setor de transporte. Ela mostra o nosso compromisso com o direito humano de acesso à informação. Afinal, uma imprensa séria e livre é um pilar fundamental para o desenvolvimento de qualquer nação”, ressaltou Costa.
Os vencedores foram avaliados pelo corpo de jurados do Prêmio, que, neste ano, foi composto por: Caio Quero, editor-chefe da BBC Brasil; Daniel Rittner, repórter especial do Valor Econômico; Gustavo Uribe, colunista de política da CNN Brasil; Rodrigo Orengo, diretor executivo de jornalismo da Band Brasília; e Luiz Afonso dos Santos Senna, PhD em Transportes e conselheiro-presidente da AGERGS (Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul).
Para chegarem aos vencedores, os jurados atribuem notas de acordo com cinco critérios: relevância para o setor de transporte e o transportador; qualidade editorial; relevância para a sociedade; criatividade/originalidade; e temporalidade/atualidade.
Conheça os trabalhos vencedores
GRANDE PRÊMIO
Flávio Ferreira, Folha de S.Paulo
O trabalho, que garantiu uma premiação de R$ 60 mil, revelou dribles licitatórios e indícios de corrupção em meio a esquemas com empresa de fachada e direcionamentos na Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), além de descontrole em relação a R$ 4 bilhões na estatal. A apuração durou quatro meses e aliou jornalismo de dados, investigação política e orçamentária em São Paulo e Brasília e apurações de campo no Maranhão e em Tocantins.
ÁUDIO
Cléber Moletta Gomes, Rádio Cultura FM – Guarapuava (PR)
A reportagem ouviu especialistas sobre problemas enfrentados pelo sistema de transporte coletivo no município de Guarapuava, no Paraná. Diante de uma crise, que não é exclusiva do município, o objetivo foi informar o ouvinte sobre o funcionamento do sistema e quais os desafios na visão de especialistas. Foram abordados temas sobre o cálculo tarifário, a limitação de fontes de financiamento, as sucessivas quedas de usuários e a falta de políticas públicas de mobilidade urbana, que limitam mudanças no transporte público.
FOTOJORNALISMO
Igo Estrela, Metrópoles
O repórter fotográfico registrou, no Pantanal sul-mato-grossense, como vivem comunidades ribeirinhas em função da falta de infraestrutura de transporte, de saneamento básico, de saúde e de segurança. As imagens atestam que, em meio às dificuldades, permanecer no Pantanal – a maior planície inundável do planeta – é um ato de resistência.
IMPRESSO
André Shalders, Estado de S. Paulo
A série de reportagens evitou que uma licitação de ônibus escolares fosse levada adiante com preços inflados em mais de R$ 732 milhões. Após as primeiras reportagens, os diretores do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) publicaram um novo despacho voltando atrás e reduzindo o preço máximo aceitável dos ônibus. Mesmo assim, o resultado da licitação foi embargado pelo Tribunal de Contas da União durante várias semanas, quando todo o processo foi revisto. Para que se tenha uma escala da dimensão do prejuízo evitado aos cofres públicos e ao transporte de crianças em idade escolar, a redução do preço máximo aceitável foi de R$ 510 milhões, valor suficiente para adquirir 1.500 ônibus escolares rurais de modelo menor.
INTERNET
Mirelle Pinheiro, Metrópoles
A reportagem percorreu 1.457,7 km, de Brasília até o Pantanal sul-mato-grossense, para conhecer, de perto, a realidade de comunidades ribeirinhas que vivem isoladas por conta da falta de infraestrutura. Isolados, esses povoados que não têm acesso ao asfalto padecem com a precariedade na saúde, segurança e educação. As comunidades aprenderam a sobreviver com a natureza. É da mata que sai o remédio; o alimento é cultivado na terra; e a pesca ajuda no sustento do lar. As casas são projetadas para suportar a seca e as enxurradas.
MEIO AMBIENTE E TRANSPORTE
Luciana Dyniewicz, Estado de S. Paulo
A matéria multimídia aborda os desafios, as oportunidades e as tecnologias que o setor de transporte, em todos os seus modais, estuda para zerar as emissões de carbono até 2050. Responsável por 14% das emissões de gases do efeito estufa, o setor de transporte é uma peça indispensável no esforço para neutralizar o lançamento de CO2 na atmosfera e combater o aquecimento global.
VÍDEO
Chico Regueira, TV Globo A reportagem especial revelou que quadrilhas comandadas por facções de milicianos e traficantes tomaram o controle do transporte público de passageiros no Rio de Janeiro (RJ). A máfia opera linhas regulares e impede a circulação de ônibus em várias regiões da cidade. Os criminosos se apropriaram do solo urbano, transportando, por dia, mais de 10 milhões de passageiros. O transporte é, hoje, a principal fonte de renda das máfias, superando o tráfico de drogas e de armas.
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