Nos últimos anos, muito se tem falado do uso de caminhões elétricos a bateria substituindo e até eliminando o uso de modelos a diesel em todo tipo de operação. O que começou com caminhões leves e médios chegou forte nos modelos pesados, com enormes quantidades de baterias instaladas para garantir a melhor autonomia possível.
Caminhão seguro
Com isso, esses caminhões podem rodar por 500 quilômetros com uma carga completa das baterias, que geralmente tem 600 kWh de capacidade. Porém, o que quase não se comenta é o que fazer com esses veículos e baterias após a redução da capacidade de manutenção da carga energética das baterias.
Para os analistas da Berylls Strategy Advisors, da Alemanha, a segunda vida para as baterias ou mesmo a reciclagem completa dos componentes será crucial para evitar a desvalorização acelerada dos caminhões elétricos, especialmente modelos pesados.
Hoje, o custo de um caminhão elétrico a bateria é muito maior do que um equivalente a diesel, porque as baterias são muito caras, respondendo por até 60% do valor total do caminhão. A vida útil esperada é de oito anos, com algumas montadoras citando que esses componentes poderão ser usados até cerca de 1,2 milhão de quilômetros antes de perderem capacidade.
No setor de transportes, os caminhões têm longas vidas. Na Europa, a empresa que compra o caminhão usa o veículo em média por cinco anos, revendendo o modelo para uma segunda empresa no próprio continente. Depois de dez anos de uso por lá, esses veículos podem ser revendidos novamente, para países da África, Oriente Médio e América Latina, por exemplo, seguindo em uso por mais de 15 anos.
Os modelos elétricos tem nesse ponto uma grande dificuldade. Enquanto o chassi, eixos e cabine seguem em condições de operação normais, a bateria elétrica perde capacidade de armazenamento, por conta do número de recargas e também pelo tempo que passa. Com isso, a capacidade vai caindo, e se ficar abaixo de 80%, acaba sendo difícil manter o veículo operando.
Quando a bateria chegar a esse mínimo de capacidade de 80%, a Berylls Strategy Advisors diz que será necessário fazer a substituição do componente ou mandar o veículo completo para reciclagem.
Em caminhões rodoviários de longas distâncias, a depreciação normal é mais acelerada, e, após os dez anos de uso, o valor de revenda pode corresponder a 25% do valor de compra do modelo zero km. Com isso, a reciclagem completa do veículo poderá ser a solução.
Para modelos vocacionais, como betoneiras, usadas no estudo, a depreciação é menor, com caminhões rodando menos por ano, não chegando nem perto dos 120 mil km anuais médios dos modelos rodoviários. Com isso, o preço desses caminhões reduz mais lentamente, cerca de 8% ao ano, com uma quilometragem anual de 25 mil km.
Futuramente, com a queda nos preços das baterias, o custo para substituição do componente em caminhões vocacionais poderá compensar a troca e manutenção da operação do veículo.
Já, para os modelos rodoviários, o custo de uma bateria nova após dez anos de uso do caminhão pode não compensar, ficando acima do valor médio do veículo.
Porém, um ponto interessante é que a bateria original do caminhão não é simplesmente descartada. Ela poderá ser revendida, para segunda vida, onde pode ser usada para armazenamento de energia residencial, por exemplo, ou também vencida para reciclagem, onde será desmantelada e os materiais químicos separados para que novas baterias sejam fabricadas.
Com a segunda opção, há outro benefício, que é a redução do custo de produção das baterias, pela maior facilidade de obtenção das matérias primas.
Mesmo assim, essa indústria de caminhões ainda está em crescimento, e não existem grandes investimentos para se fazer esses processos nas baterias usadas, já que a maioria dos caminhões elétricos que rodam atualmente tem menos de cinco anos de uso.
A conclusão do estudo da Berylls Strategy Advisors destaca que será a gestão da vida útil da bateria que fará toda a diferença para o crescimento sustentável das vendas de caminhões elétricos.
Além disso, a empresa destaca que as montadoras terão que ter programas para retorno das baterias em fim de vida útil, porque elas são muito valiosas para serem descartadas.
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