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Venda de pesados ainda sofre para engrenar mesmo com programa do governo

Por imprensa ago 4, 2023 Notícias, Outros

Diferentemente do mercado de veículos leves, que respondeu imediatamente ao programa de incentivo do governo, o de pesados teve alguns percalços devido à exigência de, para se obter abatimento de R$ 33 mil a R$ 99 mil, ser necessário destinar à reciclagem veículo com mais de vinte anos de uso. Ainda que no mês passado o MDIC tenha flexibilizado a regra, a fim de simplificá-la, ao dispensar exigência de que o modelo vendido e o comprado fossem da mesma pessoa, assim como permitir que mais de um veículo fosse entregue para se obter o benefício, não houve o mesmo impulso nas vendas.

Dados da Fenabrave divulgados na quarta-feira, 2, apontam que foram comercializados em julho 8,1 mil caminhões, volume que superou em 5% o total de junho, 7,7 mil unidades, mas que ficou 28,4% aquém do mesmo mês de 2022, 11,3 mil unidades. No acumulado do ano os 58,4 mil emplacamentos também estão 14,8% abaixo dos primeiros sete meses de 2022, que somou 68,6 mil licenciamentos.

José Maurício Andreta Júnior, o presidente da Fenabrave, avaliou que o mercado de caminhões, aos poucos, começa a se adequar à introdução do Euro 6, que elevou de 15% a 30% os preços dos veículos este ano, o que justificaria a leve recuperação do segmento em julho.

Quanto à dificuldade de acesso ao crédito ele crê que o cenário está “um pouco melhor no segmento” e ressaltou que é possível encontrar financiamentos com a TFB, taxa fixa do BNDES, que oferece juros de 1,18% a 1,21% ao mês. Além disto ele afirmou que alguns transportadores já começam a utilizar os recursos das MPs para renovar suas frotas, ainda que de forma incipiente.

Ao todo as MPs 1 175, editada em 6 de junho, e 1 178, editada em 30 de junho, destinaram R$ 1,8 bilhão em descontos tributários nas transações de veículos, sendo R$ 800 milhões para os segmentos de automóveis e comerciais leves, R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus. Por não ter deslanchado como para os leves, em que os recursos, inclusive, já esgotaram, e por considerar o programa uma introdução à renovação da frota, o governo estuda torná-lo permanente.

Quanto aos ônibus as 1,7 mil unidades vendidas no mês passado representaram resultado 15,7% inferior às 2,1 mil de junho. Entretanto, quando se compara a junho de 2022, que teve 1,5 mil emplacamentos, o resultado foi 14,2% maior. De janeiro a julho as 15,1 mil unidades comercializadas superaram em 41,2% as do acumulado do ano passado, com 10,7 mil unidades. A base de comparação é baixa, é verdade, uma vez que este foi o setor que mais sofreu na pandemia por sua característica de transporte coletivo.

Andreta Júnior assinalou que a forte oscilação mensal não altera o processo de retomada: “Por se tratar de segmento de volumes mais baixos pequenas diferenças, em unidades, aparecem como grandes saltos ou quedas porcentuais. Enxergamos o mercado de ônibus em um processo contínuo de recuperação, tanto que ele está positivo no ano”.

O dirigente citou também que programas governamentais de transporte público, como o Caminho da Escola, contribuem para a recuperação deste mercado – no entanto, até o momento o edital de licitação da nova rodada da iniciativa que leva alunos da rede pública às escolas em zonas rurais, aguardado para junho, ainda não foi anunciado.

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