As más condições das rodovias afetam o transporte de cargas | Crédito: Arquivo/CNT
A exemplo do País, atividade em Minas estima evolução de quase 14% no 1º semestre
O transporte de cargas roda confiante na recuperação da economia graças às exportações, ao agronegócio e às medidas de desoneração do governo. No País, a atividade cresceu 13,9% no primeiro semestre quando comparada ao mesmo período do ano passado. Em Minas Gerais, o setor não tem números fechados, mas replica os resultados nacionais, como o incremento de 0,6% na movimentação de junho.
“A demanda em Minas cresceu e vai continuar crescendo no segundo semestre, impulsionada pelo transporte de produtos primários de exportação, como minério e aço, e os insumos do agro, como fertilizantes, no preparo da safra”, explica o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Gladstone Lobato.
Como o setor é muito competitivo, nem todas as empresas conseguiram repassar seus custos aos embarcadores. Neste contexto, então, a queda no preço do diesel foi muito bem-vinda já que, segundo Lobato, conseguiu amenizar a planilha de despesas de várias delas. Tais medidas implementadas pelo governo trazem otimismo ao setor, já que se refletem nos custos de produção e de transporte e, consequentemente, na melhora da atividade econômica.
Com mais caminhões rodando, o maior desafio do setor está nas más condições das estradas. “O que adianta a gente se planejar para acompanhar o crescimento da economia e, de uma hora para outra, cai uma barreira e todo o planejamento cai por terra, por conta da precariedade da infraestrutura de logística? Tudo aumenta, gasto de combustível, manutenção, tempo na estrada. E Minas Gerais, que tem a maior malha rodoviária do País, sofre mais com isso”, aponta Lobato.
O segmento que mais cresceu no transporte de carga nacional foi o e-commerce, que, em Minas, está impulsionando o desenvolvimento de regiões como o Sul do Estado, o Triângulo e o entorno de Belo Horizonte, onde estão concentrados os grandes centros de distribuição.
A maior transportadora de carga fracionada do País, a Braspress, tem 48 anos de mercado e sede em Guarulhos, mas cerca de vinte de suas 117 filiais estão em Minas. Por isso, inclusive, ela é associada ao Setcemg.
Atenta a um contexto singular como foi o da pandemia, a empresa conseguiu um resultado histórico no comércio eletrônico. “Mais de 400%”, revela o presidente da empresa, Urubatan Helou. Ele acredita, no entanto, que o crescimento a partir de agora não será tão explosivo. “O e-commerce tende a se estabilizar numa convivência mais equilibrada com as lojas físicas”, avalia Helou, à frente de uma estrutura com 9 mil funcionários e três mil caminhões.
Segundo o empresário, a redução do preço do diesel pouco representou nos custos da transportadora, já que o combustível vinha de uma brutal elevação. A empresa fez um repasse de preços este ano de 18%, que, segundo Helou, compensou as despesas com diesel, mão de obra, autopeças e caminhões.
Para ele, o setor de transporte de cargas tem dois grandes desafios pela frente, a começar pela alta carga tributária. “Carregamos 53% de tributos diretos e indiretos nos nossos caminhões”, diz.
O segundo é o combate ao roubo de cargas, um problema que atinge especialmente o segmento de cargas fracionadas, cujo valor agregado as torna mais visadas. “A situação só não é pior por causa dos investimentos que fazemos em gerenciamento de riscos. Na Braspress, eles chegam a 10% da receita operacional”, revela o transportador.
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