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Santa Catarina têm 8 mil caminhões parados por falta de motoristas

Imagem de Google Gemini
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Nos últimos anos, a profissão de caminhoneiro deixou de ser atraente para jovens. Com isso, a mão de obra envelheceu, e as contratações de novos motoristas despencaram. Isso tem acontecido de forma tão ampla nos últimos tempos, que transportadoras já tem caminhões parados por falta de profissionais para conduzi-los.

É o que diz uma recente pesquisa do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Sul de Santa Catarina (Setransc), destacando que as empresas de transporte de Santa Catarina já têm entre 7 e 8 mil caminhões parados por falta de motoristas, totalizando um prejuízo superior aos R$ 30 milhões por mês.

Para o sindicato, o problema ainda está acontecendo de forma contida, porque a economia nacional está em um processo de recessão. Porém, se houver uma retomada econômica acelerada, a demanda por caminhoneiros vai explodir, e o problema deve se agravar significativamente.


Problema mundial


A falta de caminhoneiros e outros motoristas profissionais, como para a condução de ônibus rodoviários, é um problema mundial. Praticamente toda economia que avança enfrenta o mesmo problema ao longo dos anos.

Países como Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Japão tem faltas severas de profissionais, em um número que pode ultrapassar a casa do milhão de vagas em aberto até 2030.

Até mesmo países que eram considerados fornecedores de caminhoneiros para outras regiões, como países do Leste Europeu, já estão enfrentando o mesmo problema.


Baixa Atratividade


A profissão de motorista já foi considerada uma das mais atrativas, especialmente por conta da rotina considerada livre, salários bons e valorização. Hoje, tudo isso se inverteu. Apesar de as empresas de transporte oferecerem salários mais altos, que podem ultrapassar os R$ 10 mil mensais quando se somam benefícios e comissões, existe uma enorme dificuldade em receber currículos de interessados.

Isso porque vários outros problemas afastam potenciais candidatos. A rotina na estrada passou a ser considerada extremamente estressante, com longos períodos de viagens, falta de folgas para ficar em casa com a família, e problemas em áreas de descanso, com alimentação ruim, banheiros inadequados e uma série de outros problemas de infraestrutura para receber os motoristas nos momentos de pausas das viagens.

Além disso, como acontece em muitos países, nos últimos anos foram criadas uma série de novas regulamentações que impactam diretamente a vida do motorista, como controle dos tempos de direção, e regras gerais sobre a profissão.

Para muitos motoristas, esse aperto no cerco burocrático acaba sendo um incentivo a abandonar a profissão e buscar algo considerado mais tranquilo.


Tempo perdido


Outro problema evidenciado que acaba desestimulando os profissionais é o tempo perdido no dia a dia da estrada. Depois de várias horas ao volante de um grande caminhão, em uma estrada cheia de estresse e desafios, o caminhoneiro chega para fazer uma entrega e pode ficar várias horas, ou até dias, esperando parado para que a empresa recebedora autorize a entrada do veículo para descarga.

Depois, outras longas horas de espera para carregar o caminhão e seguir viagem novamente, aonde chegará para descarregar e o ciclo reinicia. Ou seja, embarcadores e recebedores das cargas tem uma grande parcela de culpa nesse problema.


De pai para filho


Outra coisa que mudou nas últimas duas décadas é a falta de interesse dos pais em manterem seus filhos na profissão. Anteriormente, nos anos 1970 e 1980, por exemplo, era comum que o filho seguisse a profissão do pai, se tornando caminhoneiro assim que a idade permitisse. Hoje, no entanto, isso é desencorajado pelos próprios pais caminhoneiros, que querem que seus filhos estudem e busquem algo fora da vida na estrada.


Iniciativas de mudança


Em vários estados há programas de incentivo para que jovens tirem a Carteira Nacional de Habilitação profissional, nas categorias C, D ou E, com o custo subsidiado parcial ou totalmente por iniciativas públicas, sindicatos e também empresas.

Apesar disso, o interesse nesses programas acaba não sendo suficiente para suprir a demanda atual de motoristas em todo o Brasil.

E, analisando programas semelhantes em outras regiões do mundo, apenas oferecer uma CNH profissional para uma pessoa não é suficiente enquanto os outros problemas não forem solucionados.

Isso até acaba aumentando os custos das transportadoras, com treinamentos e alta rotatividade de profissionais. Isso porque os motoristas profissionais recém habilitados podem se encantar com as promessas das estradas, mas logo enxergam que a realidade não é aquela da propaganda e saem do emprego, buscando outras áreas.


Alta rotatividade


Além do problema da rotatividade de novos profissionais, que precisam passar por treinamento e acompanhamento de motoristas mais experientes, aumentando custos para as transportadoras, os motoristas experientes também acabam rotacionando entre empresas de transporte, em busca de ofertas mais atrativas.

Em muitos casos, o motorista trabalha poucos meses para uma transportadora, acaba conseguindo uma oferta melhor, e busca a nova oportunidade. Isso também é evidenciado por pesquisas realizadas em países como Canadá e Estados Unidos, onde a rotatividade de motoristas é um dos principais problemas para as transportadoras atualmente.


Desafio quase sem solução


O problema da falta de motoristas passa por uma série de dificuldades enfrentadas pelos motoristas, em vários pontos dentro de sua carreira profissional.

E a solução para isso não é mágica. É necessário interesse de uma série de setores, envolvendo governos, empresas e sindicatos, para que várias soluções sejam implantadas de forma organizada, para que todo o setor de transportes evolua.

Ou seja, apesar de ser um problema do agora, a solução não deve chegar sem que isso piore muito, o que é altamente preocupante.

 
 
 

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