top of page
Buscar

Biodiesel: o combustível que mistura problema e solução


Muito se tem falado sobre a adição cada vez maior do biodiesel ao diesel que usamos nos nossos caminhões, tratores, ônibus...

A intenção do programa nacional de biodiesel vai muito além de oferecer um combustível menos poluente e que reduza nossa dependência do petróleo. Mais do que isso, a ideia é que ele seja também uma fonte de renda para os pequenos agricultores familiares, que poderão produzir a biomassa base do combustível, como a palma, a mamona, entre outros.

Nesse sentido, em meados de março, o governo federal autorizou mais um aumento desse percentual de biodiesel adicionado ao diesel. Mas, infelizmente, a coisa não é tão simples assim.

Apesar de estudos apontarem que nossos motores não suportem mais do que uma adição de 7% de biodiesel ao combustível, já chegamos a 12% e o governo pretende que essa mistura alcance pelo menos 15% ainda esse ano. Ou seja, mais do que o dobro suportável.

Acontece que esse percentual já tão alto, tem provocado sérios danos aos motores, gerando acúmulo de resíduos, entupimentos, paradas inesperadas, enfim, danos quase irreparáveis.

Já temos inúmeros relatos de caminhões parados pelo congelamento do combustível, tratores quebrados com custos altíssimos para seu conserto, reposições precoces de peças, causando prejuízos de toda monta.

Agora leve essa gama de problemas para por exemplo, o dia a dia de um pequeno produtor ou cooperativa que dependa do seu único trator: Se esse trator quebrar por conta do biodiesel, como o pequeno produtor vai tocar sua produção? Imagine também um motor estacionário, como um gerador de hospital parando de repente.

Ou seja, o diesel com biodiesel adicionado nos percentuais atuais não prejudica somente grandes transportadoras e empresas com dezenas de caminhões. Afeta também as pequenas cidades, os microprodutores, enfim, todo e qualquer motor que dependa do diesel para funcionar e, aparentemente, nada disso tem sido levado em consideração na hora de se definir esse percentual de mistura.

A FENATAC, bem como as entidades em geral, não é contra o biodiesel, ao contrário. Se pudermos ter um combustível 100% biodiesel, de alto padrão, não poluente, mais barato e totalmente brasileiro, seria maravilhoso. O que queremos é que nossos veículos continuem rodando com eficiência e segurança, independente do tipo de combustível que leva.

Para tanto, ainda é necessário mais estudo, mais pesquisas, no sentido de desenvolver um biodiesel de última geração que não traga tantos problemas. E ao contrário disso, aparentemente o que estamos vendo é uma imposição de uma mistura ainda em início de estudos, digamos, na marra, independente das graves consequências acarretadas.

No final de fevereiro, tivemos a oportunidade de sermos recebidos pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Sr. Paulo Teixeira, para junto com técnicos e diretores da CNT, explicarmos esse cenário.

Na oportunidade, o ministro se mostrou solidário e preocupado com nosso relato e se comprometeu a nos ajudar no diálogo com o governo, talvez a Petrobrás, para juntos encontrarmos uma solução.

A CNT inclusive, vai financiar um estudo aprofundado do biodiesel, em parceria com uma universidade federal e convidou o governo para participar desse grupo de estudo, cujo único objetivo é apontar caminhos para que o biodiesel possa de fato ser uma solução e não um problema.

Vamos seguir na busca do diálogo e entendimento, confiantes de que antes de simplesmente sair misturando o atual e defasado biodiesel ao diesel, precisamos entender, conhecer e atualizar nossos motores e nosso combustível.

bottom of page