Porto de Chancay, no Peru: a modernidade em contraste com os enormes desafios estruturais da América do Sul

Por Comunicação FENATAC & Logística | 28/05/2025

Foto: CIT

Imagine uma grande cidade com transporte público lotado, ruas congestionadas, rodovias simples e muitas vezes precárias, falta de segurança nas estradas, infraestrutura frágil, pedindo por mais investimentos. Esse é um cenário muito comum para todos nós aqui no Brasil, tema de inúmeras discussões no Transporte Rodoviário de Cargas.

Mas dessa vez estou falando do que observamos no Peru, quando da nossa participação na 40º Assembleia Geral Ordinária da CIT, grande evento que aconteceu em Lima.

De fato foi um evento excepcional, onde nossa missão foi muito bem recebida. Tivemos a oportunidade de participar de diversas reuniões, debates, ouvir especialistas de vários países, discutir logística e visitar o impressionante, super moderno e tecnológico Porto recém inaugurado de Chancay, construído em parceria com o governo chinês.

Não há dúvida que é o mais moderno porto da américa latina e que certamente irá contribuir muito para o escoamento de commodities e outros produtos através do pacífico, inclusive do Brasil. Entretanto para chegar a este fantástico porto, localizado a apenas 70 quilômetros da capital Lima, são necessárias três horas de viagem, enfrentando todas as adversidades que citamos no início dessa  reflexão.

Por favor, não me entenda mal. De modo algum estou fazendo pouco do nosso vizinho. O Peru é um país incrível, de uma cultura milenar, com um povo educado, progressista e acolhedor. Mas, assim como o nosso Brasil e acredito eu, como os demais países da nossa adorada América Latina, ainda é preciso muito para que um porto desse padrão não se transforme em uma ilha de desenvolvimento e eficiência, cercada de dificuldades estruturais por todos os lados.

O Porto de Chancay é sim uma joia. Mas, com certeza, para que os produtos cheguem até os navios que lá atracarão, muitas carências e dificuldades em rodovias, cidades, centros de logística, terão de ser superadas. Isso no Peru, no Brasil, na Colômbia, Argentina...

Um investimento tão alto, uma área portuária tão avançada, tão moderna, tão a frente do seu tempo, mais do que ajudar a fortalecer o comércio exterior sul-americano, escancara o quanto ainda temos de trabalhar para tornar nosso continente de fato, desenvolvido. Vamos chegar lá. Mas ainda temos muito chão para percorrer.